segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

questão de hábito.

Seria bíblico se quem vos fala não fosse tão mundano. Mas de tão mundano que é, chega a ser verdadeiro, humano, super-estimado, divino e desnecessário aos ouvidos as dores e os desejos do amor.
Seria ser muito colunista de variedades e auto-ajuda, à lá Martha Medeiros, falar que o amor é dividido em duas fases, ou necessariamente três fases, sendo uma de opção, dolorosa. Mas seguirei essa linha, não por tentar caminhar pelo pantanoso dilema das cartilhas de auto-ajuda, mas por falar de amor, sentimento que em mim é tão intenso, complexo e efêmero, tudo junto e ao mesmo tempo.
Existe o amor borboleta, que vem daquelas velhas e clichês historietas sobre o bater das asas no estômago. É aquela sensação que os sinos batem, a gente fica meio tenso, com a boca seca, sem saber o que fazer e ao mesmo tempo fazendo coisas sem saber. É uma sensação que por mais que os insensíveis teimam em dizer que não sentiram, todos já provaram de seu deleite. É bom, mas costuma ser melhor quando é de dois. E ver pelo ângulo duplo, sem a ótica do enaltecido, sem o dilema do além das palavras que foram ouvidas. Aquela típica cena, um escuta "eu te amo e quero você para sempre", enquanto na verdade o dito foi apenas "encoste a porta, feche a janela e leve as chaves".
A fase lagarta é quando se existe algo a ser chamado de sentimento. Não são borboletas no estômago, mas um bando de lagartas ativas, famintas e dilacerando suas víceras a fim de encontrar um local seguro para construir seu casulo e dali virar amor, das mais belas criaturas. A existência dessa fase, quase sempre, vem acompanhada da presença de muitas borboletas no outro, afinal, se não houvesse borboletas, nem lagartas no outro, por mais que sejamos seguidores de Donatien Alphonse François de Sade, não vamos plantar algo em nós que ainda não floreceu. Fato bizarro que ainda não se faz nem nas mais bizarras histórias de amor.
E dói muito escolher fazer lagartas virarem borboletas. Dói muito. Para ambos os lados, mais do que um amor inexistente, não correspondido e/ou infeliz. Luftizei.

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