sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

COMUNICADO



COMUNICADO

Venho por meio desta informar que o Foca e a Caneta estão temporariamente fora do ar (a não ser que me dê um fogo no cu de escrever aqui). Enquanto isso, deliciem-se com o www.comoassimbial.com, um site, grande amigos, uma família. 

E trago novidades, a partir de abril, o Foca volta com um domínio .com, lindo, nova cara, novos amigos, nova família e uma nova proposta. Tentaremos fazer um blog mais jornalístico e para isso, quem quiser participar, é só entrar na dança e mandar sua cartinha para o endereço que está aparecendo aqui embaixo no vídeo. 

Att, 


segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Dungeons and Dragons (ou Dexter and Debra)

A coisa que mais odeio do Michael C. Hall é o fato dele se envolver com suas colegas de elenco. Foi assim em Six Feet Under e foi agora em Dexter. Estive muito com medo disso estragar a série. E me parece que não.

******SPOILER DA SEXTA TEMPORADA*****

Alguém duvida que o melhor personagem da série não é o Dexter, mas sim a Debra? Ela segura a série e sempre segurou. A sua evolução como personagem, tanto emocional como profissional é uma trajetória gostosa de acompanhar, tudo mérito de Jennifer Carpenter. No início da sexta temporada, boatos surgiram que ela se recusava gravar com Michael C Hall  depois do divórcio conturbado depois de 2 anos de casamento entre os dois. No começo, tentei até ver se diminuíram as cenas dos dois juntos. E não foi algo que percebi. E pelo contrário, eles criaram uma situação que, ao menos a mim, parece desnecessária e chocante: um possível interesse amoroso entre os dois "irmãos".
Apesar de inverossímil, Jennifer conseguiu tornar a situação normal e crível. E pior, deixando um plot completamente insano para a próxima temporada. Debra ama Dexter. E agora, Debra sabe que Dexter é um assassino.
Minha teoria? Dexter vai dizer para Debra que aquela é sua única vez, que foi uma vingança a tudo que ele fez com Harrison. E ela perdoará o irmão por conta do seu amor (e ela não vai querer vê-lo preso, certo?). De qualquer maneira, vamos deixar pra questionar isso depois. Temos um ano de sofrimento até sabermos o que vai acontecer na série. Vamos falar sobre a descoberta: CARALHO. Ou melhor: Oh, God!
A descoberta é o que todos os fãs esperavam, e o que todo mundo temia. Porque poderia ser o final da série. Logo, é bom que os roteiristas saibam o que fazer por mais 24 episódios (Dexter foi renovada por mais duas temporadas de 12 episódios cada). Mas também, foi o que o povo mais reclamou na temporada passada, Debra quase pegou, mas não pegou. "Até quando Dexter iria se safar?". Bem, segredo revelado. É a mesma coisa que comparar os meninos do desenho Caverna do Dragão conseguirem voltar pro mundo real. MESMA COISA. O que vem pela frente? Só saberemos em setembro de 2012.
Depois de uma sexta temporada irregular: começou ruim, ficou boa e acabou chata, o final valeu a pena. E entenda como final O FINAL. Porque o último episódio foi bem chato. Toda aquela história do sequestro do Harrison, do sacrifício final foi um saco. Difícil de aguentar. Agora, PRA QUE O PLOT DO ESTAGIÁRIO COLECIONADOR DE PEÇAS DOS CRIMES? Só para o Travis abrir o pacote na casa do Dexter? Porra! Que desnecessário. Espero que tenha algum significado para a próxima temporada.
A série tem dessas coisas, mas fazer o que, né? Apesar do fantasma do pai do Dexter, de incoerências e de paixões repentinas, Dexter se mantem como uma excelente opção. Aliás, Dexter & Debra, como poderia se chamar a partir de agora, se não fosse um típico nome de sitcom. As atuações salvam a série, que nos prende para mais um ano. Ou alguém nega que os cliffhangers da série são os melhores?


Dexter & o cliffhanger 

(É legal a gente pensar também no nome que levou o último episódio "This is the way the World Ends", seria esse o fim do mundo de Dexter, pelo menos como o conhecemos?)

Minhas ilusões vão para o pátio

Qual o peso de seus sonhos? Qual o peso da juventude? Qual jovem acha que está fazendo tudo errado, e de fato, está? Tenho uma teoria sobre os erros da juventude. Nós somos feitos para errar. Errar na escolha, errar na não-escolha. E escolhi me aventurar mais uma vez pela neo-literatura francesa. Gosto muito dos franceses, nunca neguei isso e acho que a literatura contemporânea deles está a frente - e muito - da literatura mundial, neste momento. Mas em contrapartida, eu tenho um tanto quanto de preguiça de livros recheados de frases de efeito e sobre jovens revoltados com o nada (vide Hell Paris 75016). Muita preguiça dessa juventude que sente a necessidade de se revoltar, mas não sabe muito bem com o quê e nem com quem. E acaba fazendo mais merda do que se ficasse em casa.
Mas confesso que me surpreendi. Devorei o livro do novato Sacha Sperling em menos de 48 horas. (Novato mesmo, o garoto lançou o livro com 18 anos) A história do livro te consome e você sente a necessidade de acabar de ler, mesmo contando a realidade bem diferente de quem lê. Sacha é o protagonista, seu alter-ego com o mesmo nome. Podemos até pensar que o livro faz parte de uma de suas primeiras memórias do jovem autor, mas pelo sim ou pelo não, a história é intensa e diverte.
O protagonista tem 14 anos e é filho de uma rica fotógrafa parisiense. Não tem uma boa relação com o pai, aliás, não tem relação com o pai. Está afogando em uma crise de identidade e parece não ter saída. Ou a saída é Augutin, seu novo amigo do colégio, que lhe apresenta um mundo de inconsequências e rebeldia. Rebeldia representada pela liberdade que apenas as drogas e o sexo nos proporciona. E o mergulho vai fundo, cada vez mais fundo e os seus desejos e suas ilusões estão cada vez mais consistentes. Mas a possibilidade do fim lhe sacode de maneira feroz. E é essa história. Pararei de falar aqui da história e deixarei que deliciem com os pensamentos tão reais quanto o de todo jovem com medo da pressão que a vida nos coloca. Temos mesmo que nos tornar alguém?
Assim como nos livros de Lolita Pille, Sacha escreve sobre rebeldes sem causa. Mas a narrativa é tão boa e os pensamentos do personagem tão fluidos que você mergulha com ele nesse mundo. E, para os que souberem captar, é possível perceber que a juventude é a fase da vida mais próxima da morte que a velhice.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Homeland x A Favorita: quem fala a verdade?

Eis que vendo os vídeos de Homeland para o post anterior eu encontro esse teaser:


E me lembrou muito o teaser da melhor novela de todos os tempos:

(A melhor telenovela exibida até hoje foi A Favorita. Eu nem discuto isso com ninguém, é e PONTO FINAL.)

Então, agora tudo faz sentido por eu amar tanto Homeland. Acho que foi porque bateu saudade de A Favorita.

Homeland: a melhor série de 2011

Homeland já lidera o topo de melhor estréia de 2011. E não é apenas na minha humilde opinião, mas na opinião de todos que assistem, inclusive os que decidem o Globo de Ouro. A série do Showtime está indicada a melhor drama, e digam as línguas de Hollywood, lidera nas chances de ganhar.
A série não há um só defeito e se você ainda não assiste, corre pra assistir. Todo mundo sabe que eu tenho um gosto muito, digamos, variado de série. Eu assisto de tudo, até coisas ruins. Mas sou muito rigoroso naquilo que é bom. Vejo dramas médicos, dramas policiais, comédias estúpidas e séries de primeira linha como Homeland. Eu sei que muita gente torce o nariz para série estilo 24 Horas, com terrorista, polícia, investigação. Mas esqueça tudo que você já viu, a série não tem nada a ver com isso. E muito menos com a série do Jack Bauer. Carrie Mathison (protagonista interpretada pela Claire Danes) não tem nada a ver com este. Muito pelo contrário, num show de atuação, ela nos presenteia com uma agente da CIA completamente surtada, que sofre de transtorno de bipolaridade, que piorou após os ataques de 11 de setembro. Sozinha, Carrie é amargurada e carrega muitas dores, que vamos descobrindo com o tempo.
Longe de mim querer dar uma de Carlton Cuse e dizer que é uma "série sobre pessoas", mas o foco em Homeland não é o terrorismo, as investigações policiais ou algo do tipo, mas as relações interpessoais e uma palavra: confiança. Em quem confiar? Não é a toa que o slongan da série é: "O país o vê como um herói, ela o vê como um traidor", que resume bem a série. A história, baseada numa série israelense chamada "Hatufim/Prisioners of War" e nos apresenta esta personagem de Claire recebendo um segredo de um prisioneiro de guerra: "um soldado americano voltará para casa convertido ao islamismo e pronto para trair a pátria". Eis que anos depois, o sargento americano Nicholas Brody (Damian Lewis) é resgatado após ser dado como morto há oito anos. O retorno de Brody leva Carrie a desconfiar que ele seja o soldado convertido. Só que ninguém na CIA lhe dá ouvidos, pois Brody é o mais novo queridinho da América, que sobreviveu a inúmeras torturas em defesa de seu povo. Paranóia de Carrie? Pista errada? Brody é realmente bom? Eis que ela resolve instalar, ilegalmente, por conta própria, um sistema de segurança na casa do sargento, vigiando cada passo que ele dá, 24h por dia, como num Big Brother. A obsessão de Carrie só aumenta, assim como as pistas positivas e negativas. E ela se vê cada vez mais envolvida com este misterioso homem, como com sua família e seus problemas. Problemas? Durante 8 anos desaparecido e dado como morto, a família de Brody seguiu adiante. Os filhos, que antes eram bebês, agora estão crescidos e a esposa, Jessica (interpretada pela brasileira Morena Baccarin) está em um relacionamento sério com o também sargento e amigo de Brody. A trama se desenvolve de maneira eletrizante. E não pense que te contei a história toda, não. Isso é só a premissa, os primeiros 20 minutos da série. A cada episódio muitas coisas acontecem e todo o drama que se passa nas relações dos personagens, em sua loucura, em sua desconfiança um dos outros, em suas ligações perigosas aumentam a ação da série. Só para terem uma ideia, no quinto episódio, toda essa trama já é revelada e a história caminha em uma direção completamente diferente da que imaginávamos que seria.
Enfim, ouçam o que eu tenho a dizer: Homeland vale muito a pena. Se não valer, podem voltar e reclamar, devolvemos seu dinheiro de volta.
(A série terá seu 12º e último episódio da primeira temporada exibido amanhã. Um episódio duplo, com 90 minutos. E só tenho uma coisa a dizer, o penúltimo episódio deveria conceder à Claire Danes todos os prêmios de melhor atriz desse mundo, APENAS)

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

2011, o ano de Luiza Marilac

Em 2011, eu revolvi fazer algo de diferente, resolvi ficar na minha piscina, tomando meus bons drink e curtindo esse verão maravilhoso da Europa, tomar no cu no sentido figurado. Antes não fosse tão figurado assim, né?
Todo ano eu costumo fazer uma retrospectiva do que aconteceu no ano, mas 2011 foi um ano tão cu, mas tão cu, mas tão cu, que só saiu merda dele. Não vou encher o saco de quem ler isso, mas ó, te contar, a Maria do Bairro é felizona perto do que passei esse ano. Então, revolvi fazer algo de diferente: o top 10 coisas que eu quero esquecer ou top 10 coisas que foderam o meu ano.

TOP 10: O emprego dos $onho$ perdido.
Sabe quando você trabalha, ganha mais que todos os seus amigos, é bem recompensado, mas você tá com fogo no cu e larga o emprego por causa de ~alguém~? Não, vocês não sabem, porque vocês são inteligentes e jamais fariam isso.

TOP 9: Chifres Internacionais & outras psicopatias
Sabe quando você namora alguém que te proíbe sair de casa? Minha cara amiga dona de casa, isso significa que ele te trai, infelizmente. Nego tem medo de fazer com ele aquilo que ele faz. Não só levei chifre, como sai de uma relação sofrendo ameaças de morte e calúnia. E mais, perdi uma passagem aérea internacional comprada porque descobri ser chifrado NO DIA DO MEU ANIVERSÁRIO. 01beijo pra Norma.

TOP 8: Encalhe social
Sabe quando você não faz nenhum amigo relevante durante o ano? Desculpa você que "virou" meu amigo esse ano, mas sinto informar, você, ainda não é relevante. Parece que a vida social andou em círculos.

TOP 7: Virtualização do amor
Como se não bastasse, resolvi apelar para a rede social de relacionamentos. Me apaixonei por uma @ da rede de microbloggings tuirer. Foram duas semanas de paixão explosiva, terminadas bem... Terminadas com um status atualizado de relacionamento no facebook. E não, não era comigo.

TOP 6: Conjuntivite, o que os olhos não vêem
3 vezes conjuntivite no ano. Sem contar a sinusite crônica. Sem comentários. Sem contar que você tenta fazer o quadro medida certa com o Zeca Camargo, só que ao contrário.

TOP 5: Forçando a barra
Não bastasse eu ter me fodido, resolvi forçar a barra num relacionamento. Era tudo que eu precisava, todas as qualidades que eu queria, que eu precisava, mas bem, não funcionou. Serviu para eu adquirir uns inimigos.

TOP 4: Não comprem Blackberry.
Tô eu, lindona, na madruga boladona, resolvi trocar de celular. Comprei o novo modelo do blackberry, gastei todo meu dinheiro, cartão, etc. E tcharãm. O Celular estragou. Resultado? A empresa não tem assistência técnica no Brasil e acusaram que o problema do celular foi mal uso. Então, me restou entrar com um processo contra eles, que vai me dar muita dor de cabeça em 2012.

TOP 3: Operação Cupido
Você tá solteiro, de boa na lagoa, faz o que? Pede pro amigo te apresentar alguém. Hm... Ótima ideia, né? Não. Péssima. Você perde um mês da sua vida fazendo cosplay de Xuxa só para baixinhos.

TOP 2: O 10 que eu não recebi ou evitava receber
Último ano da faculdade. Eba! Não, monografia. Você trabalha, faz freela (que não te pagam e puxam o seu tapete), mas decide se focar na monografia. Faz o seu melhor. Sabe TUDO sobre o tema, mas chega uma professora e diz que você merece tirar 9. Ah, mas 9 tá bom, né?

TOP 1: Eu não morri
Depois disso tudo, eu ainda sobrevivi. Quer desgraças maiores que essa? Meu maior desejo para papai-noel? Que o mundo acabe realmente em 2012. Não tá dando, não. E né? Vamos combinar que não quero morrer sozinho. Suicídio não é uma opção, é que nem sair mais cedo de festa ruim. E se ela melhorar depois? Então, que acabe logo essa festa.

Espero só que 2012, eu tome menos no cu, ou mais, ou não sei. De qualquer maneira, 2012 terá mais novidades. Aguardem novo layout, novo blog, novidades quentíssimas.

E para não deixar de ser brega: um feliz Natal e um ótimo Ano Novo, na medida do possível.




(Sobre a foto do boneco de Luiza Marilac, o ano foi dela, como o webhit mais comentado, mas tão comentado que tornou-se chato. Luiza, uma diva, acabou caindo na blackeyedpeaszação das coisas, como o ano de 2011)

sábado, 19 de novembro de 2011

A pele que habito ou o Frankenstein contemporâneo

Almodóvar fazendo terror? Como assim, né? Pois bem, o diretor espanhol fez um terror incrível, chegando há se situar entre os melhores filmes que já vi em minha vida. E de longe, o melhor filme deste ano. O terror tem muitas faces. Há aquele terror onde você quer ver sustos. Há o terror sanguinário, onde você exalta o seu psicopata interior. Há o terror psicológico, que é aquele que você se sente sendo contorcido na cadeira do cinema, onde seu cérebro explode a cada take.
Ele faz um pouco dos três. E vou explicar. O susto que Almodóvar tenta na tela é o susto da surpresa, das viradas que a trama prepara. Quem é Vera é respondida e a platéia fica inteiramente estasiada e surpreendida. O sanguinário é mostrado através da vingança de Robert, o protagonista vivido por Antonio Banderas.  E o psicológico pelos sentimentos que adentram em você. Você entende cada personagem e cada personagem tem suas razões. A pele que habito é o drama, o terror, o suspense.

A história é baseada num romance francês (que muito quero ler desde já) e aborda a trajetória do renomado cirurgião plástico que vive um estranho e obsessivo relacionamento com Vera, uma cobaia que vive presa em sua casa. Paralelo a isso, com o desenrolar da trama, você vai sendo apresentado a cada personagem e ao passado deles até chegar ali. E você sofre, e muito, por cada ação e suas reações. Eu estou me controlando aqui para não contar detalhes esclarecedores do filme, apenas indico para que assistam. Se preparem para a história de vingança mais forte que já vi, e mais, os efeitos que a vingança tem nas pessoas ao seu redor. Uma história amor, amor doentio. Saiam daqui e procurem o cinema mais próximo. E sem saber muito da história, se possível, para que as surpresas e os sustos sejam absorvidos como foram por mim. É uma sensação única e que Almodóvar fez muito bem.
Gosto muito do diretor, vejo tudo que ele faz. E posso dizer, este filme é o melhor de sua carreira. O que é um absurdo de se dizer, já que ele fez muitas coisas boas e diferentes, mas sim, é sim. O melhor filme da carreira de Almodóvar. Um roteiro brilhante, uma fotografia linda, elenco primoroso, direção digna e até os figurinos chamam atenção: criados por Jean Paul Gaultier.



quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Reflexões de um Liquidificador


Nada melhor que descobrir um bom filme em um feriado chuvoso. Ontem, encontrei, por acaso, em um velho pendrive, o arquivo deste filme, que me foi indicado por um amigo há alguns meses: Reflexões de um Liquidificador. Sou avesso a pirataria, mas o filme é difícil de achar em locadoras. Até mesmo no cinema, ele ficou em poucas salas, maioria em São Paulo e festivais. Mas garanto, está entre uma das melhores coisas já feitas em nosso país.
A começar pelo elenco. Que elenco! Ana Lúcia Torre já provou antes ser muito boa e versátil, mas consegue agora neste filme ser aquele personagem complexo e simples ao mesmo tempo. Quem é criador como eu, ao assistir o filme, com toda certeza, irá pensar "como eu queria ter pensado nisso antes". Acho que nenhum termômetro é maior do que este.
A história é simples, ao ponto de vista da narrativa. Conta a história de Elvira, uma modesta dona de casa sem muitas ambições, casada há mais de 40 anos com Onofre. Eles eram donos de um bar, que faliu e lhe sobrou apenas o liquidificador que usava para fazer as vitaminas e sucos. Um liquidificador velho, que funcionava apenas quando queria. Mas um liquidificador diferente dos outros, como ele próprio se define no começo da película: "diferente de todos os outros eletrodomésticos que estão ali parados". Ele fala, ele pensa, ele filosofa. E se torna o melhor amigo, o melhor parceiro de Elvira. Um verdadeiro cúmplice de suas pequenas aventuras amorais. O filme começa com Elvira indo a delegacia dar queixa do desaparecimento de seu marido há 7 dias. Onde andará Onofre? Então, somos lançados a um flashback que nos conta a história até ali. Paralelo a isso, o investigador Fuinha (pelo excelente Aramis Trindade) acredita que a esposa é a principal suspeita do desaparecimento. Desde então, uma trama policial se instaura na vida de D. Elvira, e vemos a partir dai um desenrolar repleto de humor, sobretudo humor negro de primeira. No elenco, tem ainda Fabíula Nascimento, que faz uma coadjuvante que rouba a cena muitas vezes, como uma vizinha apaixonada/tarada por homens peludos, mas casada com um sem pelo algum. Divertidíssima!
O Roteiro é de José Antônio de Souza, estreante nas telonas e a direção, fantástica, é de André Klotzel, consagrado por A Marvada Carne. Quem empresta a voz ao liquidificador? Selton Mello, que consegue dar vida e personalidade a um personagem completamente diferente do já visto até hoje. A trilha e a fotografia encantam também, pela leveza da vida do subúrbio.
Um filme cinco estrelas que vale a pena ser visto, em feriados chuvosos e outros dias também.







quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Hart of Dixie (ou como se tornar um fã de uma série em apenas dois episódios)


Esse fall-season está só começando, trouxe algumas coisas boas ao meu ver, como The Playboy Club, cancelada. Pan AM é bacaninha, mas uma história confusa, é preciso dar mais crédito. Temos ainda Terra Nova, do Spielberg. Tem dinossauro, mas de computação gráfica. Nada de robôs como Jurrasic Park. Isso perde toda a graça. O enredo é bacaninha, mas não acredito que consiga ir muito longe, pelo menos do jeito que tá. E a audiência tá lá embaixo.
Acho que todas as série deveriam aprender com a novata Hart of Dixie o curso básico de como criar fãs apaixonados por sua história em poucos episódios, no caso, dois. Eu não tenho muita paciência para série do CW. As tramas são frágeis e parecem andar em círculos. Mas dessa vez, eles acertaram em cheio. Dos produtores de Gossip Girl, a trama não tem nada sobre a garota do blog e as meninas do Upper East Side, tirando o fato que a protagonista Dra. Zoe Hart é nascida e criada entre a high-society de Nova York. Zoe é interpretada por Rachel Bison (a eterna Summer de The O.C.). E olha que eu duvidava da capacidade dramática da Mrs. Bison e a pequenina me surpreendeu. E muito. A história, no piloto, é apresentada rapidamente, você descobre coisas que, em outras séries, demoraria temporadas para saber. Mas a rapidez de contar a história não atrapalha em nada o andamento da história, muito pelo contrário, dá a fluidez e o ritmo ideal para uma trama.
A série se qualifica como um drama médico, com um caso ou outro do dia, mas que até agora, estamos com dois episódios exibidos apenas, não é o foco da história. O foco é exatamente na Dra. Hart, uma médica novaiorquina que para entrar em uma residência dos seus sonhos é obrigada a ficar 12 meses trabalhando numa clínica na cidade de Bluebell, no Alabama. Chegando lá, entre outras coisas, ela descobre que é herdeira de uma clínica particular, o que lhe trará problemas, principalmente quando o outro médico Dr. Brick, que utiliza de métodos mais, digamos, simplórios. A briga pela clínica está formada. Assim como a briga pelo protagonista, o galã Scott Porter que interpreta o George Trucker com a mimada Lemon Breeland, interpretada muito bem pela Jaime King. Todo o elenco está muitíssimo afinado e os 40 minutos do episódio passa muito rápido e fica com aquele gostinho de quero mais, sempre.
As tramas prometem muito com o tempo, da mesma forma que andam muito rápidas e sem enrolação. Apesar de estar no segundo episódio, já ocupa lugar garantido na minha Watchlist com cinco estrelas. E é a maior surpresa até então da temporada. Acho difícil alguém bater, virei fã mesmo. Mas né? Os americanos fazem tudo, podem cagar com a série. Mas enquanto fazem isso ser muito bom, vamos acompanhando.


quinta-feira, 22 de setembro de 2011

a velha família moderna


Não é a toa que ela roubou a cena em mais uma edição do Emmy que participou. Não é a toa que os fãs alucinados de Glee e Ryan odeiam a série. Não é a toa que a terceira temporada chega com tudo, mostrando que tem gás para muita coisa, muitos plots e histórias interessantes por mais alguns anos e anos. Não é atoa...
Eu já levei pedrada ao comparar Modern Family a Friends. Aliás, eu já levei muita pedrada por falar mal de Friends. (aproveito o espaço para dizer: eu adoro Friends, mas não acho uma série fantástica, mas entendo os fãs xiitas. Inclusive, acho que How I Met Your Mother faz graça sobre amizades e relacionamentos em Nova York muito melhor que a clássica série dos anos 90).
Modern Family, meus amigos, aguardem, será vista no final da década como o símbolo da comédia destes anos, acreditem em mim. A série tem força, tem conteúdo e tem o melhor: o humor. OK, eu concordo e, apesar de ser um fã radical, consigo ver falhas na segunda temporada e até problemas estruturais que precisam ser pensados se ela quiser durar muito. Primeiro, os personagens são tipos e não evoluem. Isso é um ponto negativo, que pesou muito na segunda temporada e, espero, que diminua e/ou acabe na atual. É sempre a mesma coisa: Manny = latino, adolescente precoce. Phill = pai palhaço. Claire = Mãe chata. Gloria = espalhafatosa, sotaque engraçado...
Enfim, não foge a regra, mas ainda assim, episódios considerados ruins na segunda temporada são superiores a muita série de coral que tenta fazer graça e lutar contra preconceitos, estabelecendo-os mais ainda. Mas opinião é que nem...
Bem, por fim, o season premiere de 2011/2012 foi maravilhoso. Não podia ser melhor: episódio duplo. O primeiro, como não podia deixar de ser, as férias da família. Dessa vez num rancho no Wyoming (uma espécie de Acre meets Goiás deles), que rende a divertidíssimas situações. Ou alguém é incapaz de rir da Glória surda durante horas após sair do avião.  Gloria, eu te entendo! Sem contar no primeiro beijo da Alex. Ela está ficando mais feminina nessa temporada, o que renderá boas histórias, eu aposto. Mas será que o Dylan vai ficar no Wyoming ou ele volta?
O segundo episódio, centrado nos maus exemplos que os pais dão aos filhos, vimos a Claire crescer muito e deixar de ser apenas a mãe chata, para ser uma pessoa chata com motivos. Gloria truqueira também foi hilário. Uma das melhores cenas da série, ela abrindo o armário na escola. Não é a toa  Eu tive que pausar o player para rir. Coisa que só Modern Family faz.
Quem não viu ASSISTA AGORA. E quem nunca viu a série pare o que está fazendo e vá correndo se deliciar com esses 50 episódios de humor de qualidade. E duvido que vocês também não parem o Player em alguns muitos momentos para rir e não perder a próxima piada.


Agora, uma dúvida só. Por que trocaram a Lilly se não houve nenhuma diferença na história. Teve um salto de quase 2 anos e nada mudou parece. Sei lá... Achei estranho. Cam e Mitchell resolveram ter outro filho no final da temporada anterior e guardaram esse segredo POR DOIS ANOS? E mais, que atriz feia que eles escolheram. A outra Lilly era carismática e essa é chata. Fora que, se fosse para só a personagem falar, esperassem a bebê, que em algum momento ia crescer e mantivessem na história. Achei as cenas da garota engraçadíssimas, mas por causa dos atores, porque ela não acrescentou nada a história. Alguém me acompanha no movimento QUERO A ANTIGA LILLY DE VOLTA? 

eu também quero a lilly antiga de volta, cam!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

the big series

Olha, te contar, eu choro com qualquer coisa. Q-U-A-L-Q-U-E-R-C-O-I-S-A. Sou um confesso desestruturado emocionalmente. Um beliscão é capaz de me deixar na cama por dias. Mas é muito bom chorar com the big C.
A comédia que está encerrando sua segunda temporada no fim do mês se tornou um fenômeno para mim, um vício que a cada episódio me faz querer mais e mais. É clichê? ASSUMIDAMENTE clichê, olha a história: Cathy (vivida pela maravilhosa Laura Linney) é uma professora de história, casada com Paul (Ollive Platt, também excelente no papel de marido suburbano) e mãe de Adam (Gabriel Basso, uma gracinha). Eis que ela descobre que está com melanoma tipo 4, um câncer de pele raríssimo que lhe dá pouco tempo de vida. Pouco tempo leia-se: não mais que um ano, segundo os especialistas. Então, ela resolve fazer tudo o que nunca fez na vida: construir uma piscina (já que nunca tomou sol e está com cancêr de pele), fumar maconha, transar com desconhecidos e reunir sua família. Ou seja, viver a vida. No elenco principal, ainda temos John Hickey, interpretando o irmão "salve-a-natureza" de Cathy. Hilário e irritante, o seu personagem. No elenco recorrente, temos a maravilhosa Phyllis Somerville, que interpreta Marlene, uma vizinha com Alzheimer. Simplesmente, fantástica. E com rápidas participações na primeira temporada e se tornando quase um personagem fixo, a indicada ao Oscar Gabourey Sidibe, a nossa Precious.

sim, gente, eu mesma!

O final da primeira temporada me fez chorar tanto que eu fiquei umas duas horas parado na frente da TV refletindo sobre a vida. A série, que é uma comédia sobre um tema difícil e clichê, faz você refletir problemas por outros ângulos, como a falta de caráter e a própria ética dos nossos tempos. Afinal, com pouco tempo para viver, Cathy não tem e não pode se prender às convenções naturais do seu tempo. A segunda temporada está brilhante e - ao meu ver - superior à primeira, se é que isso é possível. Agora, já conhecemos os personagens e suas fraquezas e ambições, então acho que a trama caminha com mais suavidade. E o processo do tratamento e da luta da Cathy pela vida é brilhante. Fora que o Lee, personagem que só aparece no terceiro episódio da segunda temporada, é um dos mais fofos e interessantes de toda a série. Lee é interpretado pelo tudo-de-bom Hugh Dancy. Lee conhece Cathy num tratamento e se estranham a princípio, porque ambos querem lutar pela vida de um jeito, um tanto diferente. Ele se torna o "mancha/tumor-gêmeo" dela e vice-versa, uma piada com alma-gêmea (soulmate, molemate). Ela acaba achando que está rolando um clima entre os dois, até que... Bem, não vou contar. Assistam.

A série é para dar risada e para refletir. E quem é um manteiga derretida por completo, chorar até não poder mais, abraçado ao travesseiro ou escorregando pela porta até cair-se no chão. Mas não leve em consideração isso, eu que sou mole mesmo. Na verdade, a série é uma comédia, leve e divertida, que nos mostra o ponto de vista mais cruel da vida: a rotina. Enganou-se quem acha que é a morte.

O lado ruim da série é que ela não pode ficar por muito tempo no ar. Cathy não tem muito tempo de vida, por mais que responda bem aos tratamentos, o seu câncer já está num estágio avançado. Só espero que a recepção pelo público seja melhor na terceira temporada, já que houve uma ligeira queda na atual, com possibilidade de cancelamento. Mas, ainda bem, não aconteceu.

Destaque:
- Cena em que Adam descobre que a mãe está com câncer, na garagem, com os presentes, no final da primeira temporada.
- Episódio Goldilocks and the Bear. Quando Cathy e o marido vão a um bar gay, repleto de bears. E quem faz sucesso é Paul. Hilário! Um dos melhores episódios.
- O Episódio do Last Thanksgiving. Quem nunca presenciou um barraco numa mesa de jantar.
- O Episódio A Little Death, quando numa confusão de nomes, Cathy é convidada para o próprio velório. Aposto que é um sonho de todo mundo saber quem irá no seu, certo?
- Lee pegando no peito de Cathy. LINDA A CENA, me fez chorar como um bebê.


Bem, fica agora com um trailler, um presente da Showtime:



segunda-feira, 15 de agosto de 2011

melhor que o original

atualização: esqueçam tudo que eu falei. Os dois últimos episódios transformaram a série no pior reality-show do mundo. Mais uma confirmação de que Ryan não tem esse talento todo que as pessoas falam e não passa de uma bichinha que gosta de confete em suas produções, com um conteúdo que não dura mais que alguns episódios. Com Glee foi assim. Com NipTuck foi assim. E não vão me dizer que não foi. Suas séries são como biscoito de polvilho: muito barulho por nada. Só que o nada é o símbolo dessa geração, certo?


Eu sei que já babei ovo por Glee. Sei que era um entusiasta da série no começo da primeira temporada, mas isso acabou. A série, como digo, crepuscularizou-se demais e se tornou nada mais que um fenômeno teen e largou toda a postura crítica que tinha no começo, utilizando-se de clichês, repetições e reduzindo o seus debates ao ponto que adolescentes americanos (não dos mais politizados e inteligentes) sejam capazes de entender. OK, os números musicais melhoraram, mas só. Os plots, por vezes profundos, se perdem em um vazio sem fim. Mas não é de Glee que eu quero falar. É de Glee Project. O reality-show para escolher alguém para fazer parte do elenco, a princípio por sete episódios.
Sou fã de reality-show e dos desdobramentos que eles tomam. Reality de música, sempre foram os que mais me davam esperanças e ódios. The Voice veio no começo do ano com uma promessa que acabou com uma final fraca, coisa que em 11 anos de American Idol nunca houve um desnível tão grande.
Glee Project não tem participação do público, o que peca no envolvimento. Mas tem a aproximação com os participantes, os losers da vez. Uns nem tão losers, mas ainda assim aproximação. O que a série perdeu, o reality reconquistou: a boa música, a exposição do jovem atual e alguns debates suavemente profundos. Mas o mais interessante, a competição e os participantes, tipos bem válidos para um reality. E alguns barracos, que é obrigação de todo reality.
A temporada se encerra no próximo domingo, com três finalistas que pouco me importa quem ganhe, não torço para nenhum. Mas é impossível não lembrar de alguns rostos e vozes: Ellis, a menininha do começo. Barraqueira e divertida. McKynleigh, uma boa voz, mas faltava personalidade. Cameron, lindo e um ótimo exemplo de personagem da série, mas não era ator. Alex, odiado por muitos, mas uma personalidade forte. O brasileiro (mais loser de todos) Matheus, que era irritantemente chato. A latina putona, Emily. E por fim, a minha favorita, que estou na espera de Ryan, o produtor da série, chamá-la para uma participação, Hanna, a gordinha mais fofa de todos.


O reality foi uma das melhores estréias do ano, soube me deixar tenso em diversos momentos, por mais que tudo não seja uma grande armação e brincadeira do Ryan e cia. De qualquer maneira, deixou o melhor: a esperança de que a terceira temporada de Glee volte às origens. Porque por enquanto digo que já sinto mais falta de Glee Project que de Glee. E isso não parece mudar...

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

"beijo gay só lá em casa"

Todo mundo sabe (e nada melhor este tema para voltar a publicar aqui no blog) que sou um noveleiro. Mais do que um noveleiro, um aspirante a novelista e pesquisador sobre novelas - quem quiser ler minha monografia sobre o estudo de caso do uso das ferramentas transmídia em uma telenovela brasileira, no caso, Tititi, posso enviar o pdf por e-mail.
Enfim, a telenovela brasileira é um produto cultural de formação e reiteração de valores, gêneros e padrões. Para bom entendedor, essa frase já define bem o que pretendo falar a seguir. Mas antes, vou falar sobre outra coisa.
Não sou militante e nem pretendo sê-lo, embora acho digno quem retira o seu tempo sagrado ou não para ser em qualquer nível. Lutar pelo que acredita é algo a ser admirado por todos. Mas sou preguiçoso no sentido de vestir a camisa, seja lá qual for, seja lá uma que me é de direito e me é de obrigação. Não sou do tipo que vou a rua protestar, em outras palavras. Entretanto, sendo bem grosso e rude, publicar em mural de facebook a sua insatisfação sobre o que aconteceu na novela tem o mesmo sentido que às pessoas que publicavam fotos de crianças morrendo de fome na África em seus álbuns do Orkut: NENHUM. Você não vai fazer outra coisa a não ser cair no lugar comum e clichê de todas as pessoas que acham-se militantes e defensoras de seus direitos e de direitos universais.
Homofobia existe e ninguém pode negar. É preciso um debate intenso sobre isso? CLARO. Mas a que nível de debate é um assunto que todos deveriam repensar. Dar espaço para Bolsonaros, Myrian Rios na TV não é abrir a debate. É fazer piada com o tema! Os direitos dos gays devem ser motivo de militância em todas os espaços e não espaço a pessoas que são contra DIREITOS. Ah, mas isso não é democracia. FODA-SE! Quando a mídia foi democrática nesse Brasil? Ou você, no alto de suas vassouras, acha que a imprensa é democrática? Francamente. E se os lixeiros, garis e etc não tem espaço, porque homofóbicos terão?
Agora, falando da novela. Um assunto que eu conheço. Beijo gay é censurado na Globo, ponto. Mas sério que o beijo gay é tão importante assim? (Ok, se eu fosse autor de alguma novela, eu boicotaria o beijo hétero até o momento em que o beijo gay fosse autorizado) Mas, de verdade, um beijo modifica uma mentalidade TÃO ASSIM? Acredito que poucos são os brasileiros que nunca viram, nem que seja em foto, um casal de lésbicas ou gays se beijando (vale ressaltar que eu conto como brasileiros a classe C, infelizmente, como os institutos de pesquisas). E eles continuam homofóbicos.
O beijo gay virou um comércio e os gays não percebem isso. Algumas emissoras querem fazer primeiro e ponto. Outros autores brigam para fazer. Outros já desistiram, como Aguinaldo Silva, autor da próxima novela, em entrevista que fez a declaração que serve de título desse post. Agora, o que me faz perder a paciência e bocejar de preguiça é ver esse bando de gente que deveria estar fazendo sua parte, reproduzindo um eco de um debate desfocado ao publicar frases como "A Rede Globo proíbe beijo gay, mas autoriza violência". Sério? Vocês acham que um casal gay beijando ia acabar com a homofobia no Brasil? Eu acho que o mérito de Gilberto Braga e Ricardo Linhares está TOTALMENTE em ter levantado o debate da forma como deveria ter sido desde o começo dessa novela. Nunca numa novela o assunto foi tão bem tratado e tratado com TANTO destaque. Quem viu a novela sabe do que estou falando. Então, por favor, não venha com esses lero-leros tão conservadores e oitentistas quanto os da direita, porque né? É tão bonito ser inteligente, quando na verdade reproduz a burrice sem questionamento. Parabéns, estou muito orgulhoso de vocês. (Ironia, para quem não entender)
Agora vamos ao outro ponto. Não acho que a morte do gay foi para coibir a Globo sobre a proibição do casal gay. Não, não foi mesmo. Sendo assim, a Globo também proibiria tais cenas. Agora, pensar a mídia como um agente transformador é complicado, quando ela entrou em um aparato industrial (leiam os clássicos teóricos da comunicação). Agente transformador, ela é. Poder ela tem. Mas ela não fará se estiver interesses econômicos no meio, óbvio. Então façamos as nossas partes, enquanto a sociedade e a televisão, conservadoras como só, andam a passos lentos. Enquanto isso, critiquem com a menor noção da crítica e com opinião e não reprodução de celeumas. Ou então, gritem em praça pública o seu repúdio e aquilo em que acreditem. Mas antes, acreditem naquilo com coerência.
É óbvio que eu adoraria ver o beijo gay na novela, mas acho que o debate da homofobia e da criação da lei de penalização foi, ao meu ver, muito mais importante e contribui muito mais para a nossa sociedade e marca os núcleos dos gays da novela na história dos militantes LGBT. E reafirmo: nunca antes uma novela ousou tanto e rompeu barreiras conservadoras. Pena que vocês não viram isso acontecer porque estavam criticando o óbvio: Globo só pensa em dinheiro, sociedade conservadora, boicote e blá-blá-blá. Ai, como vocês são óbvios! Fico só me imaginando se existisse facebook na época de Torre de Babel, quando Leila e Rafaela morreram na explosão do shopping, porque a emissora mandou cortá-las por causa de audiência. Eu já teria deletado minha conta!


(ps: Façam uma pesquisa, como dever de casa, e vejam se os impactos das cenas de homofobia, inclusive da morte do personagem, foram positivos ou negativos para a causa e publique no seu mural.)

quarta-feira, 27 de abril de 2011

reflexões psicoterapeuticas sobre a mentira

Tô longe de ser um terapeura, psicólogo ou psicanalista ou qualquer pertencente do grupo do estudo da alma. Meu ramo é outro, a comunicação. Mas passei a vida inteira tentando e (muitas vezes conseguindo) entender do que são feitas as pessoas, além de carnes, ossos e hormônios, muitos hormônios.
Então, hoje, vou falar sobre a MENTIRA. Já diziam os antigos, mentira tem perna curta. Mas os antigos estavam preocupados em descobrir as mentiras, a duração delas. Eu, não. Longas, rápidas ou eternas, atrevo-me a entender as consequências dela.
A mentira está para o ser humano como o oxigênio. Muitas vezes, a mentira nos dá o gás ou o tempo que precisamos para agir e pensar. É normal mentir. Eu já menti muitas vezes, como da última em que disse que tinha avançadas noções de Photoshop, InDesing e Corel para conseguir esse emprego em que estou hoje. O normal está quando a mentira se torna algo patológico. Existem três tipos de mentirosos patológicos basicamente. O psicopata, o mais perigoso deles, que é o ser sem sentimentos. Ele mente tudo, até aquilo que sente. Talvez, vários psicopatas passem por nossas vidas e nem sequer percebemos que eles são psicopatas. Tem o mitômano, que é aquele que mente um determinado assunto por vergonha ou trauma do passado. A menina que mente que a relação com os pais é maravilhosa, quando em casa é uma merda. É tentar passar a mesma imagem sempre, contraditória da realidade.
Por último, o que é mais comum na sociedade, o mentiroso propriamente dito. O mentiroso propriamente dito é aquele que não consegue falar a verdade nem para si. A verdade que eu me refiro aqui, é aquilo que nós sabemos que é a realidade. Realidade pensada, refletida, testada e humanizada. Esse mentiroso quase sempre passional, comete o erro de dizer que os humanos erram. Sim, os humanos erram, mas não se pode e nem se deve se esconder por detrás dessa máxima. Mentirosos são covardes de si próprios. Acabam ferindo os outros, mas ferem mais a si mesmo. É o rancoroso que toma o próprio veneno. E rezam para que nunca vejam a verdadeira verdade.
Esse último tipo mente sobre o que está fazendo, com quem está, onde está, nas coisas mais banais do mundo. Ele é capaz de mentir e criar realidades paralelas para aquela mentira, embora pequena e absurda. Ele mente dizendo que está numa escola para crianças e que as crianças são lindas e meigas, é capaz de imitar até o som das crianças chorando, quando na verdade, ele pode estar em casa, dormindo, numa festa ou numa igreja. Ele mente os seus desejos. O mentiroso mente coisas graves, segredos de Estado e de família. Ele mente por carência de verdade e de amor. Acredito que este tipo de mentiroso não é o que comete erros por prazer, ele sofre também por não dizer a verdade. Ele é um medroso! Que prefere sofrer na mentira e ilusão a entregar-se a verdade. Acreditando fidedignamente que a mentira é a solução mais fácil. E que a mentira não dói. Mas o mentiroso só poderá se safar disso tudo, quando OLHAR para trás e ver que toda a mentira que foi envolto é um grande complexo que não consegue sair e que, vez ou outra, feriu os seus amados e amores. Cabe a cada um uma análise de sua verdade, do que o motivou até ali e atrevo-me a dizer: foi a mentira enraizada. Não chamo de desvio de caráter, porque ele mesmo sabe da doença que tem e sofre por ela. Seria algo latente que está entre o imoral e o impessoal, o que lhe foi dito desde sempre: seja safo, minta se for preciso, nem tudo precisa ser mostrado. E ele se defende com o argumento da omissão...
Baby, até no direito penal omissão é mais grave que mentira. De tudo que lhe disseram em toda sua vida, só uma é verdade: o mundo é dos safos. Mas não pense quem ser esperto é dominar a sua história, ser um gatekeeper de suas próprias palavras. Existe o péssimo jeito humano de achar que quem confia demais, quem se entrega demais e quem é enganado é um bando de idiota. Desculpa, existem instintos errados e muitas vezes nos arrependemos de ter ido tão longe. Mas prefiro pecar pelo excesso que pela falta. Excesso é verdade, pode ser lido como exagero, mas é verdade. Os exagerados são fiéis a sua natureza. Já os mentirosos...
Vamos acabar com essa coisa de que quem mente, trai, engana, sacaneia é o smartão! Já sofri três decepções com mentiras e continuo vivo. Já eles? Continuam mortos dentro de si. Porque quem mente se mata, se não completamente, aos poucos do delírio e da vontade de achar: ah, no fundo a culpa não é minha. Não é questão de culpa, honey! É questão de princípios... Mas não vamos falar de princípios aqui, porque não nasci para pedagogia familiar. Cada um sabe o buraco que pisa. E por isso me defendo, mergulho sabendo dos riscos. Já deu certo? Algumas vezes. Mas mergulhei. Machucados saram... Decepções são passageiras. Enquanto o arrependimento pode ser eterno.
Agora, e o outro lado? E o lado de quem sofre a mentira? Algumas mentiras podem ser eternas, acreditem. Outras duram horas, dias, semanas. Mas o pior do que mentir pro outro é mentir pra si. Mentir para os outros é assumir carência. Mentir para si é assumir infelicidade da vida.
Para quem foi pego na mentira, uma dica: reflexão. Para quem sofreu a mentira: suspire bem forte e agradeça que tem a grande oportunidade de transformar a mentira em algo do passado. Um finalle xinfrim pode ser um GRADIOSO começo.
Você descobre a(s) mentira(s) hoje (sim, quase sempre elas vem em bando) e existe uma espécie de 'etapas do luto' para a verdade, que eu meio que criei:

1) CHOQUE: em primeiro, você fica chocado. ANESTESIADO é a palavra. Seu queixo vai ao chão e você não consegue entender direito. O pesadelo parece ser grande demais para ser um sonho. Geralmente, dura pouco. E depois vem a pior parte...
2) ÓDIO: é quando você começa a sentir ódio e raiva incontroláveis e inexplicáveis. Você nao entende direito de onde veio e por que isso aconteceu. E nem quer entender, quer é matar. Sangue corre nas veias.
3) REFLEXÃO 1: Você começa a refletir e começa a achar que você foi um otário que caiu nessa história toda. E mais, você acha que em algum momento um pedido de desculpas virá. Ele não virá, foi tudo mentira, esqueceu? Ai, você percebe que desde o fim já estava escrito lá no começo, só você não viu. E se sente mais idiota ainda.
4) CULPA: Para não se sentir mais idiota, você começa a querer ver humanidade no outro. Ok, existe humanidade. Você tenta até se colocar a culpa, mas quando percebe que nem o casal Nardoni mereciam ser vítimas de mentiras como essa. No fim do processo, você descobre que não existem culpados. Existe uma doença a ser tratada.
5) REFLEXÃO 2: Você analisa mais friamente aqui. Você consegue separar as coisas. E o que não consegue separar e dizer se é verdade ou mentira, você deixa pra lá. Prefere não saber de mais mentiras, já foram o suficientes. Nesse momento, você percebe que não foi um idiota, mas sim uma pessoa de nobreza ímpar por ter dado o seu melhor. E o outro não precisa saber disso, você basta. Costuma ser a fase mais demorada.
6) LEMBRANÇAS: É a parte mais complicada, você é um mix de saudade com rancor. Você gostaria que tudo fosse diferente. Mas no fim, agradece a Deus que foi desse jeito, porque situações mudam, pessoas demoram mais um pouco. Via de regra, só olhar o curriculo karmico da pessoa. É preciso estar rodeado de amigos. Você escolhe o tempo dessa fase, acredite. Caso queira ficar mais um tempo nela, aproveite para criar uma "REFLEXÃO 3" sobre o que aprender disso tudo.
7) RESTART: Já chega de guardar rancor. É hora de perdoar. (Páscoa é boa pra isso) Exorcisar o passado. Assistir a propaganda da coca-cola e ver que existem bons motivos para acreditar. Nesse momento, você deve tomar cuidado com a fragilidade pessoal. Você estará mais vulnerável, então tome cuidado para não ficar perto de quem não conheça e não cair em novas mentiras. É preferivel ficar em casa com amigos de verdade até se recuperar totalmente da confiança perdida. E acredite, a confiança volta. Você PODE, DEVE e VAI confiar de novo.

Bem, não há muito mais do que falar. Acho que todo mundo acaba tento esse mesmo caminho. Uns mais demorados, outros menos. Acho que depende da dor tambem. E principalmente, não minta pra você. Sinta sua dor se for necessário. Sinta raiva. Sinta tudo. Só não sinta a mentira. Mentira em qualquer grau trás consequências terriveis, mais cedo ou mais tarde. E um dia acordar e ver que tudo foi uma mentira para si mesmo já é a pior vingança que alguém pode ter. Afinal, para esse meu trabalho, eu tive que aprender às pressas mexer nos editores de imagem. E foi bem trabalhoso aprender da noite pro dia. E bem acho que entraria nesse mesmo emprego não sabendo nem desenhar bonecos palitos no Paint. Mas estou pagando...

COLABORARAM: todos meus amigos <3


para ler ouvindo:

sábado, 5 de fevereiro de 2011

pra que abril serviu

Quem me conhece pouco ou muito sabe o quão dramático sou. Mas dessa vez resolvi ser diferente. Não vou fazer drama, ou não tanto assim. Não vou arrastar correntes, não vou chorar vendo filmes tristes, nem vou sofrer mais do que já sofri. O bom da vida é que temos, geralmente, dois tipos de sofrimentos. O primeiro quando temos tudo muito bom e acabamos por nos matar e nos morrer porque perdemos aquele algo muito bom. O segundo é aquele que nunca tivemos. Sofremos por tentar, por lutar, por dar o sangue e não conseguir.
De todos os defeitos que eu tenho, e olha que um pecados capitais dos mais proeminentes em mim é a preguiça, mais até do que a gula, o que eu não tenho é medo de tentar. Já dormi em banco de praça, já enfrentei família e amigos, já escrevi cartas de amor, já perdoei traições, já trai por imaturidade, já planejei casamentos e filhos e dei nome a eles, quando as coisas não iam bem mesmo, já espalhei pro universo inteiro meu amor - meu grandioso amor - e recebi um 'não faça isso' em troca. Já ganhei, já perdi. Agora está na hora da virada. E não é virada daquelas de dramalhões. Ou é. Sabe as novelas mexicanas quando a mocinha (e eu to longe de ser uma donzela indefesa) finge-se de morta e volta capítulos depois com um novo corte de cabelo e preparada para uma nova fase da sua vida?
Há algum tempo atrás, eu twittei a seguinte frase "abril não serviu para nada". Uma pessoa me corrigiu. E eu concordei. Mas hoje, revendo. Eu vejo que realmente abril serviu pra muita coisa. Em mim, nasceu uma pessoa, que iria morrer tempos depois, mas nasceu. E eu não me arrependo de nenhum passo que eu dei. De cada choro, cada berro, cada lágrima, cada súplica. Cada sorriso. Eu não me arrependo. Abril serviu para me mostrar que o Gustavo é capaz de amar sempre mais. E mais do que amar, ele pode ir além. E mais do que ir além, ele pode merecer coisas boas. Hoje, eu me amo TANTO. MAS TANTO. Nesse segundo, eu me amo pelo que eu nao fui. O tanto que eu nao me amei a vida toda, eu me amo nesse momento. Porque eu amo sabe o quão bom eu fui, o quão honesto e sincero com os meus sentimentos eu fui. E quem nao pensa assim está errado: temos que deixar tudo fluir. Sentiu, deixa correr. Quer fazer? FAÇA LOGO. Não se arrependa. Acredite nos seus motivos. Não existe um diabinho e um anjinho falando tudo o tempo todo ao seu ouvido. Isso sim é balela. Ninguém anjo, nem diabo em história nenhuma. A gente é sentido. E sentido e sentimento. (e por isso, uma regra que Pedro Bial já falou no seu textinho do filtro solar: NÃO SEJA LEVIANO COM O SENTIMENTO DOS OUTROS). Até mesmo porque se eu vivi o que vivi, foi porque eu vi e percebi que não poderia ser leviano com o coração de ninguém, e me deixei entregar.
Sou intenso, sou grande, sou demais. Sou assim. E faço tudo que me couber e que me cabe. E ao que não me cabe, eu sei que posso ser melhor, só se eu quiser. E se não fui, é porque não quis. Hoje, sei que sou muito perfeito, até nos meus defeitos... E que não sou só eu que acho. Qualquer um que um dia vir ou ouvir minha história há de concordar comigo.

Hoje, não sei se sinto muita coisa por todas as pessoas que eu fiz o que fiz. De todas elas, somente uma hoje toma conta do meu ser. E eu posso dizer que amo muito: EU MESMO.
E foi pra isso que abril serviu. Eu desci ao poço de tudo. Mas lá dentro tinha um espelho. E eu apaixonei pelo que vi.