quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Reflexões de um Liquidificador


Nada melhor que descobrir um bom filme em um feriado chuvoso. Ontem, encontrei, por acaso, em um velho pendrive, o arquivo deste filme, que me foi indicado por um amigo há alguns meses: Reflexões de um Liquidificador. Sou avesso a pirataria, mas o filme é difícil de achar em locadoras. Até mesmo no cinema, ele ficou em poucas salas, maioria em São Paulo e festivais. Mas garanto, está entre uma das melhores coisas já feitas em nosso país.
A começar pelo elenco. Que elenco! Ana Lúcia Torre já provou antes ser muito boa e versátil, mas consegue agora neste filme ser aquele personagem complexo e simples ao mesmo tempo. Quem é criador como eu, ao assistir o filme, com toda certeza, irá pensar "como eu queria ter pensado nisso antes". Acho que nenhum termômetro é maior do que este.
A história é simples, ao ponto de vista da narrativa. Conta a história de Elvira, uma modesta dona de casa sem muitas ambições, casada há mais de 40 anos com Onofre. Eles eram donos de um bar, que faliu e lhe sobrou apenas o liquidificador que usava para fazer as vitaminas e sucos. Um liquidificador velho, que funcionava apenas quando queria. Mas um liquidificador diferente dos outros, como ele próprio se define no começo da película: "diferente de todos os outros eletrodomésticos que estão ali parados". Ele fala, ele pensa, ele filosofa. E se torna o melhor amigo, o melhor parceiro de Elvira. Um verdadeiro cúmplice de suas pequenas aventuras amorais. O filme começa com Elvira indo a delegacia dar queixa do desaparecimento de seu marido há 7 dias. Onde andará Onofre? Então, somos lançados a um flashback que nos conta a história até ali. Paralelo a isso, o investigador Fuinha (pelo excelente Aramis Trindade) acredita que a esposa é a principal suspeita do desaparecimento. Desde então, uma trama policial se instaura na vida de D. Elvira, e vemos a partir dai um desenrolar repleto de humor, sobretudo humor negro de primeira. No elenco, tem ainda Fabíula Nascimento, que faz uma coadjuvante que rouba a cena muitas vezes, como uma vizinha apaixonada/tarada por homens peludos, mas casada com um sem pelo algum. Divertidíssima!
O Roteiro é de José Antônio de Souza, estreante nas telonas e a direção, fantástica, é de André Klotzel, consagrado por A Marvada Carne. Quem empresta a voz ao liquidificador? Selton Mello, que consegue dar vida e personalidade a um personagem completamente diferente do já visto até hoje. A trilha e a fotografia encantam também, pela leveza da vida do subúrbio.
Um filme cinco estrelas que vale a pena ser visto, em feriados chuvosos e outros dias também.







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