quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O timing do drama - Precious!

Tempos que eu não venho aqui no blog postar algo, mas acho que quem sabe da minha vida sabe que algumas realizações se deram no último mês e no mês corrente (meu aniversário). Além do quê, dois trabalhos (sendo o site do bbbnatv.com #fikdik) retiram todo o meu tempo para escrever por prazer e de banalidades que quero por aqui. Mas ainda dentro do parênteses, foi gravado um projeto piloto para um PodCast para o blog, mas não foi pra frente, falta alguns aparatos técnicos, então fica pro segundo semestre, okay?
Entretanto, hoje, apesar do carnaval conturbado, movimentadíssimo e agitado, na quarta-feira de cinzas assisti PRECIOUS (fico com vergonha alheia de dizer o nome me português, ainda mais com o subtítulo cafona!) em perfeita companhia e na tranqüilidade do Estação, que está com uma safra de filmes excelente, dá vontade de ver todos. (aliás, quando abrirá um em Niterói, hein?
Bem, falando do filme, Precious é uma preciosidade (desculpem o clichê à lá crítica da Folha de São Paulo) do drama popular. O filme, apesar dos seu excesso de dor, por conta dos contínuos socos no estômago, é a obra prima para o lirismo e não peca nem mesmo pelo maniqueísmo de todos os sofrimentos do mundo e possíveis cairem sobre a protagonista que já sofre preconceito por ser negra, gorda e pobre.
É uma verdade aula para quem quer fazer drama um dia, como eu viso. Sempre achei mais fácil fazer comédia, o timing do comédia é olhar para o espectador e ver como fazê-lo rir. Todo mundo (geralmente) está mais aberto para rir. E contradigo os péssimos atores, autores e demais, ditos como bons. Fazer rir é a arte mais fácil do mundo! Comédia, apesar de não poder ser repetitiva e de ter a obrigação de ser conservadora (no sentido mais liberal que possa ter - reflitam!), é a coisa mais simples que pode existir. O riso está na camada mais exposta da derme do homem. Já os seus pesadelos, seus dramas, seu choro está escondido. Tanto que todos riem em público, já chorar, só os mais corajosos.
Chorar é para forte. E chorar de um filme, ficcional, por mais inspirado em dados e fatos reais que seja, é uma tarefa difícil. Muito difícil. E isso, Precious cumpre com prazer e majestosamente.
Criticaram-no dizendo que o filme é muito exagerado, onde a protagonista sofre de todos os males da terra. Mas aonde está escrito que não pode? Ok. Não pode. E já diz um certo dramaturgo que esqueci quem é... O problema da ficção é que ela tem obrigação de parecer realidade, enquanto a realidade é mais maluca possível. (algo do gênero) Vamos considerar isso verdadeiro. Talvez, se houve erro, foi um erro de adaptação, quando o livro que o inspirou conta a história de várias mulheres, enquanto tudo se reune em torno de uma só. Mas de qualquer jeito, o filme pode ser visto como uma esquete, uma sequência de cenas excessivamente dramáticas e com apelo visual fortíssimo, impactantes e que emocionam.
Daí, disse que o timing do drama é cumprido com exatidão. Você não se emociona apenas no final, mas a cada 5 minutos de maneira diferente, de forma diferente e com um movimento do roteiro diferente. E se emociona de verdade. Perfeito, tocante e ameaça aos demais filmes no Oscar, creio eu.