segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Minhas ilusões vão para o pátio

Qual o peso de seus sonhos? Qual o peso da juventude? Qual jovem acha que está fazendo tudo errado, e de fato, está? Tenho uma teoria sobre os erros da juventude. Nós somos feitos para errar. Errar na escolha, errar na não-escolha. E escolhi me aventurar mais uma vez pela neo-literatura francesa. Gosto muito dos franceses, nunca neguei isso e acho que a literatura contemporânea deles está a frente - e muito - da literatura mundial, neste momento. Mas em contrapartida, eu tenho um tanto quanto de preguiça de livros recheados de frases de efeito e sobre jovens revoltados com o nada (vide Hell Paris 75016). Muita preguiça dessa juventude que sente a necessidade de se revoltar, mas não sabe muito bem com o quê e nem com quem. E acaba fazendo mais merda do que se ficasse em casa.
Mas confesso que me surpreendi. Devorei o livro do novato Sacha Sperling em menos de 48 horas. (Novato mesmo, o garoto lançou o livro com 18 anos) A história do livro te consome e você sente a necessidade de acabar de ler, mesmo contando a realidade bem diferente de quem lê. Sacha é o protagonista, seu alter-ego com o mesmo nome. Podemos até pensar que o livro faz parte de uma de suas primeiras memórias do jovem autor, mas pelo sim ou pelo não, a história é intensa e diverte.
O protagonista tem 14 anos e é filho de uma rica fotógrafa parisiense. Não tem uma boa relação com o pai, aliás, não tem relação com o pai. Está afogando em uma crise de identidade e parece não ter saída. Ou a saída é Augutin, seu novo amigo do colégio, que lhe apresenta um mundo de inconsequências e rebeldia. Rebeldia representada pela liberdade que apenas as drogas e o sexo nos proporciona. E o mergulho vai fundo, cada vez mais fundo e os seus desejos e suas ilusões estão cada vez mais consistentes. Mas a possibilidade do fim lhe sacode de maneira feroz. E é essa história. Pararei de falar aqui da história e deixarei que deliciem com os pensamentos tão reais quanto o de todo jovem com medo da pressão que a vida nos coloca. Temos mesmo que nos tornar alguém?
Assim como nos livros de Lolita Pille, Sacha escreve sobre rebeldes sem causa. Mas a narrativa é tão boa e os pensamentos do personagem tão fluidos que você mergulha com ele nesse mundo. E, para os que souberem captar, é possível perceber que a juventude é a fase da vida mais próxima da morte que a velhice.

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