segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

cheiro de desodorante

A luz tinha se apagado, e um foi como um tiro certeiro que entrou pelas frestas d'algum lugar e atingiu em cheio o que antes chamava de coração, mas agora sei que é o bruto da razão. Afinal, só quando se coloca as coisas do sentimento na mesma plataforma do campos dos pensamentos, conseguimos ver o quão somos (in-)capazes de lidar com ambos. Era para ser um fim de semana comum, que se repetia por mais de 3 meses. Nada demais a não ser o cheiro daquele desodorante, que poderia ser ruim, mas como o nome já dizia, era um espírito adolescente, sem medo da fúria de qualquer suor.
Camisas suadas, amassadas, dialogando sob o braço do sofá, que servira de testemunha para dois amantes, drogados, entorpecidos, bregamente ao som dos anos 90.
Seria muito cômico se a amiga do outro deixasse um escrito sobre o leito de nascimento do que esperava ansiosamente por aquilo. E seria mais cômico se lá constasse o cheiro atípico, embora enlouquecedor que vinha dele. Kurt smells like Teen Spirits. E ele? Qual seria seu cheiro? D'algum perfume estrangeiro? Cheiro de suor e de pouca bebida que fecundava a boca enaltecida pelo cigarro que antes era quase impossível e hoje se torna suportável. Tantas coisas mudariam em sua concepção em tão pouco tempo. Só espero que eu não seja nenhuma Courtney Love. E que se puder fazer por um último segundo, antes do tiro estourar, apenas Love. É puro entretenimento, o amor. É o show das bizarrices: um mulato, um albino e um mosquito.
De fato, ele se parece com Kurt Cobain. Entertain us until the day...

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