sábado, 26 de dezembro de 2009

Os bastidores dos bastidores.

Esse foi, sem dúvidas, o presente que durou menos tempo entre querer e ter. Recebi o release que publiquei abaixo, do Extra, na quinta-feira, poucos minutos de viajar por conta do Natal. Coloco o meu desejo de o ter no blog e em menos de 2 horas, recebo-o em mãos, de maneira agradável, inesquecível e muito fofa. Mas tirando a aura existente no livro, vou criticá-lo nesse momento. E é um dos melhores livros (muito melhor até que o do Daniel Filho, que é muito de opinião) sobre os bastidores da TV, porque é feito por quem não trabalhou diretamente com isso e também por ter as opiniões de todos, incensurável e contestável, chegando, por inúmeras vezes contradizendo o que o outro já disse.
Conhecer a árdua tarefa de um tele-dramaturgo é interessante e, mais ainda, ver a vida pessoa dele, atrelada a da condução de suas tramas, uma profissão que movimenta a cultura brasileira, inegavelmente.
Pude me aproximar de autores que eu não tinha tanto prazer, como é o caso de Aguinaldo Silva, que se mostrou mais humano e mais humilde, apesar de umas recaídas. O Benedito Ruy Barbosa, que é merecedor do salário que tem. A humanidade de Glória Perez, o humor de Lombardi, a ironia de Gilberto Braga, a autocrítica de Maneco e a importância de grandes nomes como o de Lauro César Muniz para a história da dramaturgia.
Ponto positivo para o livro é a entrevista sem medo dos jornalistas, ao ponto de surpreender em alguns momentos os próprios autores, deixando-os bem avontade de fazer revelações fortes como sobre sexo, drogas e rock 'n roll. Além disso, vale destacar a linha do tempo do começo, que foi historicamente interessante e mostrando a importancia da teledramaturgia para a política, cultura, economia e sociedade do país. E as influências desta sobre as tramas abertas, que são as novelas. A arte do livro é um capítulo a parte, bem trabalhada e visualmente limpa e interessante.

Um dos assuntos mais importantes do livro, ressaltado por todos os autores, é a falta de uma crítica especializada em TV no país. Afinal, só se escreve sobre tv jornalistas frustrados que não conseguiram falar de cinema e desmerecem a tv, por isso. Poucos são apreciadores do produto, sendo a grande maioria um grupo que não gosta de TV, não assiste TV e é eleita para criticá-la. Algo que precisa mudar, uma vez que, por aqui, tem muito mais impacto social do que qualquer outra mídia. Vale ressaltar a crítica realizada pelos autores sobre uma dramaturgia do diretor, que se tem o país. Onde a palavra do diretor pesa mais que a do autor, o único país a se fazer isso. Na TV, quem manda é o autor, vale ressaltar.

Um tópico interessante também é a discussão em torno do futuro da dramaturgia, principalmente com a TV Digital. Bem, em resumo. É um excelente livro, que para quem gosta do assunto, debruça-se sobre as mais de 400 páginas, iniciadas pelo prefácio de Tony Ramos. E para os críticos que jogaram pedras no livro, comparando-o com o "Autores, Memória Globo", principalmente por conter assuntos da vida pessoa dos mesmos, um questionamento, a proposta é diferente, uma vez que não é um livro da emissora globo, onde é possível encontrar temas que seriam passados por cima ou nunca citados por eles, os grandes tabus da emissora, além da participação de Lauro César Muniz, autor contratado da Rede Record, que fala com propriedade do tempo que trabalhou na Globo. E sobre ser uma revista de fofoca, o livro não tem pretensões academicas e tampouco ser mais um entulho para as bibliotecas universitárias e ser citado de referências nas inúteis monografias dos macacos-copiões que se tornaram os pesquisadores brasileiros. Besteira!

Fica a dica, o livro é um bom material para se divertir e encontrar informações curiosas e opiniões daqueles que fazem a cabeça das pessoas com muitas histórias por muitas noites, as verdadeiras estrelas das 8, 7 e 6.

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