quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Divertindo gente e chorando ao telefone.

O que eu não posso negar sobre o ano de 2009 é que foi um ano que aprendi muito sobre fotografias. Não, eu não aprendi a arte-técnica da fotografia. Eu ainda continuo parecendo uma pessoa com Parkinson ao fotografar uma simples reunião de amigos ou familiares, não sei onde fica o foco, nem sequer sei colocar os itens mais importantes em um plano mais importante. Minhas fotos continuam amadoras e é sobre isso que divago do que aprendi com as fotografias que tirei e que vi durante esse ano que já quase se finda.
As fotos servem para a gente recapitular, relembrar aqueles fatos marcantes que muitas vezes vamos esquecer ou vai ser difícil lembrar, seja em ordem ou seja ele em si, quando formos contar para alguém. Além do que, ele serve de uma boa prova do que houve para quem, por um acaso, supor duvidar. Tipo os infindáveis 'eu vi', 'eu vivi', 'aconteceu comigo' e outras figuras egocêntricas que perambulam pelos nossos diálogos.
As fotos servem também para nos remarcarem no espaço e no tempo, dizer o que houve naquele momento com a pessoa x ou y e ainda nos referirmos a elas com algum sentimento que houvera outrora e hoje não mais está ali. É por aí. Talvez seja o principal motivo que eu nunca deleto uma foto, seja ela de quem quer que seja ou de qualquer forma estou. E repreendo severamente quem faz isso. Aceito quem esconde fotos, quem as guarda, para não ter contato sempre, afinal, é uma bela e prática maneira de esquecer. Mas jogá-las fora? E a sua mente? Faz lobotomia e está tudo resolvido? Aquilo aconteceu, e de alguma forma serviu para algo, te levou além, sempre nos leva além, sempre nos leva a algum lugar. E não é porque não existem mais fotos, que as boas fotos precisam pagar por isso. Bendita a era dos negativos, pois a digitalidade faz as coisas parecerem mais efêmeras. E taí um bom estudo sociológico para quem deseja se aventurar, o quanto as câmeras digitais interferiram nos relacionamentos modernos. É, acho que Bauman meio que já falou disso.
Saiu feio? Deixa lá, ninguém pode ser bonito o tempo todo. E ali está a prova de que a beleza é uma mera questão de ângulo, de luz ou de quem tirou a fotografia. A foto tem pessoas inconvenientes? Deixe ela lá, essas pessoas mereceram, nem que seja naquele milimetro de segundo que a luz invade o negativo e o queima, e se mereceram, porque não merecerem ocupar memória de uma foto, ou ainda a sua memória. Se elas não mereceram, deixe de ser hipócrita e não tive fotos com quem você não deseja o melhor do mundo, ou ao menos a melhor foto ao seu lado. Eu tenho uma tática para quando isso acontecer: guarde as fotos e só as encontre num dia em que você possa olhar pra elas e dar um sorrisinho de canto de boca. Quando vencer e conquistar esse nível se ironia própria, faça o que quiser com a foto, queime, estrague, delete, porque talvez ela não sirva para mais nada. Ela não te traz emoções, de qualquer espécie, o que é de necessário primariamente para uma foto.
Emoções, catarse ou apenas consentimento com a prova quase física de algo (sem citar o photoshop, por favor). Seja lá qual for a motivação da foto ou do que se vê com ela, veja. Sinta e perceba se ela merece ser foto. Mas não se esqueça nunca que nada substituirá a memória, as lembranças que cada um carrega. E daí eu tiro a melhor lição que tive em 2009. Apague as fotos, mas as lembranças ficarão em você, eternamente. Perca seu HD por completo e você ainda terá muitas fotos na mente. E mais do que fotos, imagens, mesmo que aleatórias e perdidas no espaço-tempo, todas em movimento e com emoção. Porque não existe memória sem emoção, porque mesmo se houvesse, não teria como jogá-la fora. Não sem aparatos cirúrgicos ou acidentais.

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