domingo, 16 de maio de 2010

El secreto del cinema argentino.

Há pouco tempo, uns dois anos, conheci a maravilha que é o cinema dos nossos irmãos portenhos, que representa muito bem a América Latina, deixando os brasileiros no chinelo, que pouco fogem da convenção/circuito filme-filosofia-puc e globo marcas.
Os filmes argentinos tem a sua capa já vestidos de blockbusters, não há de se negar. Mas é a verdadeira prova (ao contrário de muitos0 de juntar entretenimento de massa com cinema arte. Alguém já fez isso no Brasil? Acho que não.
Não vou falar de Brasil, não cabe aqui. Vou falar de lá, mais precisamente da película do diretor vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro, Juan Jose Campanella, O Segredo de seus olhos. Filme bom, muito bom que nos leva para muitas reflexões.
A história? Um funcionário público aposentado não conseguiu viver os últimos 25 anos, por conta de assuntos inacabados do passado e volta a Buenos Aires tentando ligar as pontas de sua vida, escrevendo um romance (ok, é clichê, mas quem disse que é ruim?). Reencontra no meio disso tudo personagens que estiveram ligados aos seus traumas e seus conflitos: o amor de sua vida, a juiza para o qual trabalhou e os personagens de um complicado caso jurídico da época, onde uma jovem garota foi estuprada.
O filme é uma montanha-russa de emoções: os primeiros vinte minutos são de drama, depois se torna um complexo suspense, chegando a um filme policial jurídico com temática política, acabando em um romance complexo e maduro, de nos emocionar e torcer. Afinal, como as vezes não conseguimos ir adiante em nossas vida por causa dos outros, não é mesmo? O filme é isso, com toques de humor, principalmente através do coadjuvante Pablo Sandoval, que dá um charme e leveza a trama pesada, nos fazendo as vezes torcer mais pela paralela que pela central. Um filme de redenção e vingança. Reflexão sobre nós mesmos e o que já vivemos. E um pensamento sobre os pontos-de-vista, afinal, a História jamais é uma declaração fiel ao que se passou, mas sim um relato atual de quem viveu na época, cheio de paixão, que pode modificar todo o enredo. Um filme de paixão, afinal, como o próprio personagem diz: "Pode se mudar de roupa, de amigos, de vida, de religião, até de Deus, mas jamais se pode mudar de PAIXÃO!" Antes de começar a ver, é bom se preparar, afinal, quem conta toda a história é Benjamin, que romanceia sua própria história. Até onde é verdade, até onde não é apenas a sua visão do que se passou, no caso que se lembra.
E para quem curte uma boa direção e um bom roteiro, com excelentes atuações. Um filme completo, com direção de arte muito digna e fiel. Somos levados à Argentina dos anos 70 num só mergulho. Agora, o que mais me conquistou? É a utilização de objetos cênicos como a porta do escritório de Irene e a máquina de escrever sem o A, que dá ao filme um dos mais belos encerramentos. #fikdik, ok?



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