segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Coxas, sobrecoxas e outros sentimentos crônicos


Um texto sobre amor, paixão ter um título tão absurdo como esse, pode parecer a primeira vista que não há sentido, quando na verdade, o sentido é pela falta do mesmo quando se trata de um sentimento tão confuso e tão pulsante como que os humanóides chamam de paixão.
As vezes, até mesmo muitas vezes, a wikipédia tem mais capacidade para explicar os sentimentos que nós mesmos. A paixão mesmo ela define como: "A paixão (do verbo latino, patior, que significa sofrer ou suportar uma situação dificil) é uma emoção de ampliação quase patológica. O acometido de paixão perde sua individualidade em função do fascínio que o outro exerce sobre ele. É tipicamente um sentimento doloroso e patológico, porque, via de regra, o indivíduo perde a sua individualidade, a sua identidade e o seu poder de raciocínio." Ou seja, explicado o porque da falta de sentido.
Uma crônica sobre o desejo e saudade. Sobre o inferno dantesco de não ter ao mesmo tempo que se tem. A saudade.
Era uma vez um casal que se separou. Não completamente, ainda restaram pedaços pela sala, quarto, cozinha, banheiro e sacada. Não se separaram sentimentalmente, mas fisicamente era impossível estarem juntos. Enquanto o primeiro procurava detalhes acomeditos do que o segundo faria caso estivesse ali. O segundo comia um frango assado de padaria refletindo no dilema mais ético que a humanidade já presenciou: qual pedaço do frango ele gostaria?
Sim, porque pensem bem. Foram tantas dúvidas, perguntas, risadas e pensamentos sobre o futuro, mas pouco se falou sobre o problema de um almoço de domingo caseiro: o frango de padaria! Porque não vão ser hipócrita de dizer que nunca tiveram um problema por causa do bendito frango? Atire a primeira asinha quem nunca chegou por último e abocanhou um pedaço que não lhe fazia votos?
Aquele que pensava no Este, gostava de coxas e sobrecoxas. Tinha P-A-V-O-R do peito e das partes mais secas do frango. E quando veio a pergunta, tão logo veio a resposta. O primeiro gostava de sobrecoxas. Estaria o dilema instaurado? O futuro era cataclismático? Caso houvesse, famintos e glutões que eram, não se contentariam só com uma coxa para todo o almoço de domingo. E teriam aquele restolho de frango sobrando na geladeira durante toda a semana, até estragar ou alguém comer.
Quando deu por si, falava do futuro. Pensava no futuro, que era como certo quanto uma galinha tem duas coxas, duas sobrecoxas, salvos raríssimas exceções, que não chegam a mesa do consumidor, devido ao preconceito dele com deficientes. Futuro assado e vendido, pronto para entrega. Escolhido, do frango mais gordo e vistoso. O futuro era um frango de padaria, que está assando para ser desossado a dois, com farofa e batatas acompanhando. E mesmo que o futuro seja conclusão de brigas homéricas por causa de coxas e sobrecoxas, ou mesmo que sejam preciso comprar dois ou mais frangos só por causa das benditas coxas. E mesmo que o futuro seja não comer frango...
Hoje, ele comeu o frango querendo ter o outro ao seu lado para dividir aquelas duas imensas coxas e sobrecoxas. Era a saudade que fazia parecer o tamanho maior. Esse sentimento crônico.

0 comentários:

Postar um comentário